No mesmo dia é comum termos vários sentimentos. Com a correria do dia a dia, o trânsito e stress. Podemos ficar alegres, ter raiva e até tristes. A coisa começa a complicar quando escolhemos a maneira errada de aliviarmos todas essas sensações.
Por exemplo, se você passou por uma situação de total descontrole, comendo sem parar, mesmo sem estar com fome. Saiba que foi nesse momento que deixou a compulsão alimentar tomar conta de você.
Para você ter uma ideia, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostram o Brasil em primeiro lugar quando o assunto é Transtorno da Compulsão Alimentar (TCA), atingindo 4,7% da população, o que significa quase o dobro da média mundial que é 2,6%.
Na compulsão alimentar a pessoa come tudo que está à disposição e em quantidades muito grandes. Ela até pode iniciar com a ideia de comer por prazer, mas durante o processo a pessoa não está mais no controle do seu apetite; ela come e não pára, até passar mal ou até acabar a comida que está exposta na sua frente”, esclarece a nutricionista Aline Quissak.
A compulsão é desencadeada por deficiência hormonal de Leptina – hormônio da saciedade. Ou seja, mesmo após comer a quantidade suficiente para o nosso organismo, nós continuamos comendo.
Outro problema é porque temos uma relação emocional com a comida. Todos temos um prato especial, que remete a alguma coisa boa. Quando estamos estressados, tristes, ansiosos, acabamos comendo esses alimentos em busca do prazer. Buscamos alimentos que nos trazem bons sentimentos.
O problema não é comer o que nos faz sentir bem, mesmo quando o alimento não é saudável, e sim achar que comer vai resolver nossos problemas. Comer não resolve, continuamos comendo para manter o nível de prazer, e depois sentimos culpa por termos exagerado, o que acaba desencadeando um ciclo vicioso.
A culpa aumenta um hormônio chamado cortisol, que quando elevado libera outro hormônio chamado insulina. A insulina alta “pede” por carboidrato e traduz esse sinal no corpo como vontade de comer coisas com gasto de energia rápida: bolos, sorvetes, chocolates, salgadinhos, refrigerante, bala e etc. Depois de tantos estímulos inflamatórios e desconexos entre comida e vontade de sentir prazer, os hormônios da fome ficam “confusos” e acabam criando uma resistência, não sendo mais estimulados e liberados. A longo prazo eles ‘desligam’, e então comemos pelo prazer, sem conseguir parar, pois não temos mais a ativação dos hormônios de saciedade”, avalia a especialista.
Confira algumas dicas para controlar esses sentimentos e melhorar a alimentação:
- Não deixe o corpo perceber que tem comida a disposição. Uma pessoa com compulsão não consegue ver um bolo e comer apenas uma fatia dele;
- Não deixar a comida na mesa – sirva-se no fogão e coma na mesa – , para os olhos não ficarem estimulados e você acabar repetindo;
- Sempre cozinhe o suficiente para o número de pessoas da casa, assim você evita não só a tentação, como o desperdício;
- Coma alimentos saudáveis, considerados anti-inflamatórios, pois eles vão ajudar a diminuir o cortisol (hormônio do estresse que aumenta a vontade de carboidrato);
- Evite alimentos industrializados e gordurosos, ricos em açúcar refinado, pois estes vão aumentar o cortisol e ainda vão estar à disposição quando a compulsão atacar.
- Coma de forma fracionada, ao longo do dia, para não ficar com fome e comer grandes volumes nas refeições principais.
- Se estiver estressado, ansioso, triste, tente respirar fundo e fazer algo que não envolva comida.
Para finalizar, a nutricionista lembra da importância de procurar uma equipe multidisciplinar. Médicos especializados que vão te ajudar a resolver o problema com calma, visando a saúde.
É importante ter o acompanhamento de um psicólogo, para te ajudar na sua relação emocional com a comida; um psiquiatra para avaliar se você precisa de um medicamento ou não; e de um nutricionista, que vai te ajudar a escolher os alimentos certos, para aliar à prática regular de atividades físicas.
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