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Olhar-se no espelho e sentir-se bem, em todos os sentidos. Não é segredo que as pessoas buscam desesperadamente por mais autoestima – é só ver a quantidade de livros de autoajuda nas livrarias ou o volume de buscas deste termo no Google. Porém, uma autoestima saudável é algo muito mais profundo do que imaginamos.
Na verdade, uma ‘autoestima cega’, que ignora as próprias falhas e exalta apenas as qualidades, não é nem de longe algo saudável. Pelo contrário, pode gerar problemas de saúde mental, como relata uma pesquisa da doutora em psicologia Kristin Neff.
A motivação por conquistar uma boa autoestima é legítima. Isso é fato. O que transforma essa busca em algo potencialmente nocivo é a necessidade de superioridade:
Para eu me sentir bom, obrigatoriamente, tenho que estar acima da média em relação aos outros. Chamar alguém de mediano é quase ofensivo. Agora, o que acontece quando todos precisam estar acima da média? Entramos num jogo de autoafirmação, em que a regra é fazer comparações. E, para que eu possa me sentir superior, alguém obrigatoriamente tem que ser inferior a mim”, explica a psicóloga Sabrina Amaral, da Epopéia Desenvolvimento Humano.
Não é à toa que este cenário é terreno fértil para a aceitação de comportamentos narcisistas. Tanto é, que estudos conduzidos nos últimos 25 anos nas universidades revelaram uma verdadeira epidemia de personalidades narcisistas, disfarçadas de amor-próprio, autoconfiança e autoestima elevada.
Na realidade, pessoas com comportamento narcisista têm um senso inflado de sua própria importância, uma necessidade de atenção e admiração excessiva e uma incapacidade de sentir empatia pelos sentimentos dos outros, criticando e menosprezando os demais para se sentirem melhores”, comenta Sabrina.
Apesar disso, ainda há um caminho para se sentir bem consigo mesmo sem precisar depreciar os demais. A psicóloga explica que a rota para esta ‘nova autoestima’ é traçada pela autocompaixão:
A autocompaixão não tem por objetivo construir uma imagem elevada de nós mesmos, mas sim, de ensinar a nos relacionar de maneira mais gentil conosco. De abraçarmos nossa natureza humana de contrastes, defeitos e paixões. Com ela você vai descobrir o quanto era infeliz na ‘pseudoautoestima’. Vai se sentir mais leve, liberto, bem com você mesmo do jeitinho que você é, sem crítica ou julgamentos”.
Para começar a se livrar da ‘velha autoestima’ e conquistar uma melhor e menos tóxica, Sabrina Amaral apresenta, logo abaixo, os três 3 pilares principais:
1º Autogentileza
O primeiro passo é começar a tratar-se de forma menos julgadora e crítica. Conversar com seu interior como se estivesse falando com alguém querido, de forma encorajadora, paciente e compreensiva. Geralmente, quando as coisas dão errado, a tendência é sermos excessivamente duros, julgadores e cruéis nas falas internas, usando uma linguagem ácida e repleta de expressões que jamais diríamos para os outros. Ao contrário desta atitude, a autocompaixão nos convida a acolher nossa dor e nos tratarmos com a mesma doçura com a que tratamos pessoas amadas e queridas por nós.
2º Humanização
Enquanto a ‘velha autoestima’ pergunta “no que eu sou diferente todo mundo”, a autocompaixão pergunta “O que eu tenho em comum e igual a todo mundo?”. E você sabe o que nos torna humanos? A imperfeição!
Isso significa que, quando as coisas saem errado e você se julga dizendo “Eu não deveria ter errado” “Como sou incompetente” “Não consigo fazer nada direito”, na verdade está se colocando numa situação de isolamento e de solidão. É como se você estivesse quebrado e não merecesse pertencer ao grupo porque falhou. E este isolamento só vai aumentar seu o nível de angústia. O mais inusitado, entretanto, é que é justamente a nossa imperfeição que nos conecta com as outras pessoas.
3ª Atenção plena
Esteja no momento presente, reconheça e valide seus sentimentos. Usualmente, não nos permitimos admitir nosso sofrimento. Damos ouvidos àquela voz interna que nos critica. Assim, somos impedidos de sermos mais compassivos com nossa humanidade e nossas falhas. A razão para isso é uma só: nós achamos que se não formos duros e críticos conosco mesmos, não nos motivaremos para fazer as coisas. É como se, o fato de sermos compassivos, nos tornasse preguiçosos, e acomodados. Mas essa crença é falsa.
A autocrítica mata nossa motivação e nos coloca numa zona de insegurança. Ela ativa nosso sistema de autopreservação, estimula o cérebro a produzir cortisol e adrenalina como se houvesse uma ameaça às nossas vidas. Então, atacamos a nós mesmos e não ao problema. A longo prazo, esse contexto nos leva ao estresse crítico e o corpo vai encontrar um jeito de “desligar” esse ataque. É aí que caímos na depressão e nos sentimos sem energia para nada.
A melhor forma de neutralizar essas reações é estimulando a produção de ocitocina e endorfina no cérebro. Crie o hábito de falar com você suavemente: “respire fundo”, “estou com você”, “esse fato não define seu valor”, “vamos passar por isso juntos”, “eu te cuido”, “eu te amo”. Ao agirmos assim, estimulamos nosso cérebro a produzir hormônios do bem-estar e acionamos gatilhos de segurança e conforto, que é a chave para a motivação e o sucesso.
4ª A autocompaixão: a chave da saúde mental
A diferença entre a ‘velha autoestima’ e a ‘nova’, movida à autocompaixão, é clara. “A autocompaixão não leva você a um lugar de comparação, de narcisismo, ou da necessidade de ter um ego enorme para se defender. Ela aproxima você das pessoas e melhora seus relacionamentos; já que os padrões inatingíveis são substituídos por humanidade. Com a autocompaixão é permitido errar, sentir e ficar triste, pois somos humanos. E ao nos permitirmos sentir, fica fácil de elaborar as emoções e buscar por alternativas”, detalha Sabrina.
Para complementar, a psicóloga Sabrina Amaral deixa um recado: “Não confunda autocompaixão com autoindulgência ou egoísmo. Autocompaixão é sobre abrir seu coração para você, acolher e criar espaços para sentir como você faria com uma pessoa querida. Quanto mais amor você se der, mais amor você terá para doar, afinal, ninguém dá aquilo que não tem.”
Quem é Sabrina Amaral?
Psicóloga, hipnoterapeuta clínica, Practitioner em PNL e Coach da Mente, Sabrina Amaral é pós-graduada em Gestão de Pessoas e especialista em neurociência aplicada ao comportamento humano. Ao longo de 20 anos de carreira já desenvolveu e treinou mais de 8.000 pessoas em cursos e palestras para uma vida mais plena e feliz.
Além disso, é Embaixadora da Rede Mulher Empreendedora em Campinas, voluntária na Humanitarian Coaching Network, que provê serviços de coaching para líderes da ONU e UNICEF; e fundadora da Epopéia Desenvolvimento Humano, que vem formando heróis e protagonistas de suas histórias rumo ao final feliz desde 2012.
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