Dica de livro – Olhe de novo: O poder de perceber o que sempre esteve ao seu redor

Você já parou para pensar como você vê o mundo influenciando suas escolhas, decisões e até a forma como se relacionam com os outros? E mais: será que, às vezes, ficaremos presos a uma visão distorcida da realidade sem perceber?

Em Olhe de Novo: O poder de perceber o que sempre esteve ao seu redor , Sharot nos leva a refletir sobre como nosso cérebro, muitas vezes de forma automática, filtra informações e prioriza aquilo que confirma nossas opiniões e expectativas, criando uma visão muitas vezes distorcida da realidade.

Tali Sharot, psicóloga e neurocientista, traz em Olhe de Novo uma obra envolvente que aborda como a nossa percepção da realidade é frequentemente distorcida por uma série de visões cognitivas, que moldam nossas escolhas, pensamentos e, até mesmo, nossa visão de mundo.

Ela não apenas investiga esses mecanismos de maneira profunda e acessível, mas também oferece uma reflexão sobre o poder de percepção e como podemos treinar nossas mentes para uma maior clareza e discernimento.

O título Olhe de Novo sugere que a percepção não é um processo passivo, mas sim uma habilidade que pode ser aprimorada. Sharot propõe que, ao “olharmos de novo”, sejamos convidados a rever nossas crenças e a forma como interpretamos as situações ao nosso redor.

Ao longo do livro, ela revela como o cérebro humano está programado para buscar confirmações do que já acreditamos, frequentemente ignorando ou descartando informações que desafiem essas crenças.

O livro é, sem dúvida, uma mistura de neurociência acessível e psicologia prática. A autora faz uso de uma linguagem clara e exemplos do cotidiano para ilustrar como as visões de confirmação, o efeito placebo e a influência da memória no processo de tomada de decisão impactante nossas vidas.

Ela se apoia em estudos de casos fascinantes e dados científicos atualizados, tornando uma leitura interessante não apenas para os detalhes da ciência, mas também para o público geral que deseja compreender melhor os pensamentos por trás de nossas escolhas diárias.

Um dos pontos centrais da obra é a ideia de que a percepção é algo moldável e que nossa capacidade de tomar decisões mais acertadas pode ser aprimorada se nos tornarmos conscientes das limitações do nosso cérebro. Sharot defende que, ao entender como essas vidas podemos atuar, desenvolver formas de superar nossas tendências automáticas e alcançar uma visão mais clara e objetiva da realidade.

Ao longo do livro, há uma forte ênfase em como os sentimentos e emoções interferem nas nossas percepções. Em muitos casos, o desejo de encontrar uma explicação simples ou reconfortante para eventos complexos nos impede de ver as coisas como realmente são. Esse é um ponto crucial para o autor, que sugere que, ao refletir sobre a natureza dessas distorções emocionais e cognitivas, podemos reduzir os efeitos delas em nossas decisões.

A autora não se limita apenas a destacar os problemas associados à percepção distorcida; ela também oferece soluções práticas para treinar a mente e melhorar a percepção. O conceito de “mentalidade de crescimento” é um dos pontos mais interessantes do livro, indicando que podemos reprogramar nossas mentes, aprendendo a identificar e questionando nossas suposições iniciais.

Em termos de estilo, Olhe de Novo se destaca pela sua habilidade em apresentar conceitos científicos complexos de uma forma acessível, utilizando uma narrativa fluida e envolvente. O livro é recheado de exemplos do cotidiano, o que torna a leitura agradável, ao mesmo tempo em que aprofunda os conceitos científicos de maneira rigorosa. A autora não apenas compartilha seus conhecimentos, mas também os utiliza para provocar uma reflexão mais profunda sobre como podemos nos tornar mais conscientes e deliberados em nossas escolhas.

A obra de Tali Sharot é uma reflexão importante sobre a natureza da percepção humana e como ela diz respeito à nossa vida cotidiana, nossas escolhas e nossa interação com o mundo. Olhe de Novo é um convite a compensar a maneira como vemos as coisas e, talvez, descobrir que o mundo à nossa volta sempre esteve mais claro do que imaginávamos — basta olharmos com um pouco mais de atenção.